Ainda há lugar pra nós no Mundo Livre

O MLSA continua cheio de Groove. No final de semana do feriadão, a Free World SA band sacudiu a Choperia do Sesc Pompéia. Além das músicas dos 5 álbuns anteriores, Fred Zeroquatro e seus mangue boys apresentaram músicas do novo disco, "Bebadogroove vol. 1 garagesambatransmachine". Muito suíngue, retórica afiada, apreço pela experimentação, o Mundo Livre faz da música o instrumento para a contra hegemonia militante. Foi assim desde Samba esquema noise (1994, o melhor de todos), passando por Guentando a ôia (1996, excelente!), Carnaval na obra 1998 e Por pouco 2000 (ambos bons) e o outro mundo de Manuela Rosário (2003, muito bom). Agora com Bebadogroove vol. 1, a banda de Jaboatão dos Guararapes se mostra no auge da forma, e também do reconhecimento: o MLSA é hoje referência planetária de boa música pop brasileira. O MLSA ficou tão pop que recebeu a Medalha de Ordem ao Mérito Cultural do Presidente Lula e do Ministro Gil. Do caos à lama, da lama ao caos.
Em resumo, o show em Sampa foi de gala, terra em transe por aproximadamente 1h30, deixando todo mundo com a cabeça cheia de idéias. O único senão foi a fila morosa pra entrar. Perdi as duas primeiras músicas. Tremenda fuleragem... Na hora do bis, a banda não atendeu aos desesperados apelos da platéia, que implorava por Pastilhas Coloridas. E não tocou também Saldo de Aratu, a mais bela e divina composição do MLSA. Em compensação, incendiou a massa com Samba Esquema Noise e Seu suor é o melhor de você, além, é claro, da classica Free World.
Os caranguejos com cérebro mostraram que têm lugar cativo no mundo livre: eles fazem música que abre as portas da percepção e forma (e conforma) opiniões. A parabólica do mangue continua a desafiar Roma, disseminando a contra-informação. Salve Zeroquatro. Salve!