Estação Libertar *****

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Saturday, July 01, 2006

Zidane, o verdugo ou recordar é morrer

O Brasil caiu em Frankfurt. Melhor dizendo, foi atropelado. De novo, repetindo 98, a França dominou o jogo e venceu com justiça. Zidane liderou os azuis e mostrou que, a despeito da idade, é um craque. Barreira tomou um nó tático e não foi capaz de transformar um elenco com grandes individualidades em uma equipe minimamente competitiva. Barreira não tinha o grupo na mão (como Felipão tinha em 2002). Ficou evidente que os jogadores perseguiam vantagens pessoais acima de tudo e não havia espírito de equipe. Ronaldo 16 toneladas se transformou no maior artilheiro das Copas. Cafu é o brasileiro com maior número de jogos em Copas. Lúcio (que jogou uma grande Copa) bateu o recorde de Gamarra e é o zagueiro que passou o maior tempo em campo sem cometer falta. E o Brasil voltou pra casa mais cedo. A leitura labial mostrou que Barreira não tinha peito pra fazer as mudanças necessárias no escrete. Barreira sempre conviveu mal com o fantasma de 82 e dizia que futebol bonito não ganha jogo. A derrota de hoje mostrou que Barreira estava errado. Perdeu jogando feio. É uma pena. Poderia ter sido diferente. O mais triste é que, ao contrário de 82, hoje a derrota não deixou qualquer dúvida. Perdemos porque nosso time foi medíocre a Copa toda (sem descurar de que a França foi muito superior). De todo modo, tudo tem um lado bom (exceto os discos do Osvaldo Montenegro). Acabou a geração marketing do futebol brasileiro, uma geração que mercantilizou a paixão nacional e que privilegiou interesses particulares em detrimento do coletivo. A seleção popstar morreu, jogando um futebol coadjuvante. O triste fim possui uma síntese: o patético Roberto Carlos, que, a despeito do futebol pífio e da máscara gigantesca, preferiu ajeitar a chuteira a perseguir Henry, que fez o gol completamente sozinho na pequena área brasileira. Não se pode, contudo, crucificar apenas um. Futebol é association. Tem que ir todo mundo pra cruz, do 1 ao 11, passando pelo Barreira, pelo Gagalo e pelo chefe da quadrilha. Só nos resta lamentar e deplorar. E torcer para que um dia o Brasil volte a jogar o verdadeiro futebol brasileiro. Barreira conseguiu o que parecia impossível: abastardou nosso estilo de jogo. É preciso resgatar nosso futebol dos Barreiras. A fantasia do futebol arte hoje só existe nas nossas memórias passadas (viva a seleção de 82 do Mestre Telê!). E nas campanhas publicitárias. Pena que a Copa não é uma propaganda da Nike. Só lá os brazukas jogam bonito...

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